"Tem dor que vira companhia. Olhando de perto, faz tempo que deixou de doer..., só tem fama, mas a gente não solta. Quem sabe, pelo receio de não saber o que fazer com o espaço, às vezes grande, que ficará desocupado se ela sair de cena. Vazio é também terreno fértil para novos florescimentos, mas costuma causar um medo inacreditável"...

Ana Jácomo
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar. Só sei que comecei a lembrar de onde é o céu e a perceber que o inferno é onde a gente mora quando tudo é sono. Comecei a sair dos meus desertos. E a olhar, ainda que timidamente, para todas as miragens, sem tanto desprezo, entendendo que havia um motivo para que elas estivessem exatamente onde as coloquei. Nenhum livro, nenhum sábio, nada poderia me ensinar o que cada uma me trouxe e o que, com o passar do tempo, continuo aprendendo com elas. Dizem que só é possível entendermos alguns pedaços da vida olhando para eles em retrospectiva. Acho que é verdade!




"Não foi mágica, apenas uma mudança consciente de foco... Troquei de canal, para levar minha
vida pra passear um pouco...
Para soprar algumas nuvens, para respirar melhor... Ao permitir que o pensamento se dissipasse; abri
espaço para mudar meu sentimento. O problema continuava no mesmo lugar, eu não.
Nós nos encontraríamos outras tantas vezes, até que eu pudesse solucioná-lo, mas eu não precisava ficar morando com ele enquanto isso"!

E se perguntassem o que vem a ser o certo, ela olharia com a cabeça torta como a de um cachorro quando parece não compreender o que se passa. O olhar de repente vidrado de quem tem sede de entender as coisas que aconteceram ao seu redor. [...] Nessa imensa individualidade onde ninguém podia entristecê-la sempre cresciam espinhos. Espinhos para machucar aqueles que a machucavam, então assim não a tocavam. Não tocava porque o medo da mágoa não deixava que lhe tocassem, ou então havia medo porque não haviam tocado fundo o suficiente para que o medo não existisse. Que triste ela hoje estava... triste porque o único que não lhe oferecia perigo algum havia partido seu coração em mil pedaços... triste por que fora mal interpretada, e acusada... mas de que? de sem importar demais... de cuidar demais... ou de amar demais? Pq a gnt é assim... as vezes exagera, erra, acerta, somos humanos não é? Mas não... ele não podia mesmo entender...Eram vidas diferentes, mundos diferentes... Acho que ele nunca entenderia o que se passava dentro dela, não entenderia o quanto ele significava... e nem ela o que se passava com ele... então restava-lhe destruir tudo aquilo, e como se nada daquilo tivesse um dia existido... só para olhar para trás e não sentir nada do que sentira antes. Era mais um fim doído, choroso, arrastado. Fosse o ponto final sua última lágrima de dor, já havia então sido decretado. Decretado num discurso mudo, num adeus em silêncio. Dito através de palavras duras, que machucaram... Embora Ele não tivesse prestes a dizer nada. Ela também não diria; se pudesse escolher, teria ficado calada, mas lhe escapou: “Se este é seu mundo, eu não devo mais fazer parte dele"   =/


Adaptado por Tânia Vaz